Esse título é a síntese da minha avaliação. O XXIV Confasubra já começa a dar errado a partir das definições de prazo para assembleias que teve seu tempo diminuído, o que dificultou a fiscalização de assembleias e pode ter levado a distorções no tamanho de algumas delegações. Um congresso que acertou na localização em Brasília, que tem muito mais facilidade de acesso por ser central. Acomodações perfeitas, alimentação, espaços para lazer nas (pouquíssimas) horas de folga, instalações para reuniões tudo muito bom. Destaque para os funcionários do hotel, todos muito atenciosos e gentis, desde a recepção passando pelas camareiras e o pessoal dos restaurantes.

Mas voltemos às falhas. A recepção aos delegados foi péssima, não por parte do hotel que nos acomodou da maneira que pôde, guardando nossas bagagens enquanto se resolvia o problema das delegações. A Delegação do Sintest/RN chegou em Brasília às 8 horas e, como já sabíamos em qual hotel ficaríamos, o mínimo que esperávamos era que a Fasubra tivesse comunicado ao hotel quais delegações ficariam no Royal Tulip, por exemplo. Isso acontecendo, o hotel já poderia antecipar o preenchimento das fichas de quem já havia chegado. Esse pessoal receberia os cartões dos quartos às 14h para entrar nos apartamentos. O que aconteceu é que deixaram para fazer tudo isso à tarde quando chegou o grosso das delegações e foi aquilo que quem estava lá viu. Fila quilométrica no sol e muito estresse.

Voltando às coisas boas. O Credenciamento aconteceu da forma mais tranquila possível para a quantidade de mais de mil delegados e observadores. Aí começam os problemas do congresso propriamente dito. A nossa organização ‘Ousadia e Luta’ ficou de fora da mesa de abertura do Congresso, como acabaria ficando fora das demais, com exceção da mesa do SUS. Por conta disso aprovamos em plenária nossa, a realização de uma mesa paralela no primeiro dia do congresso. Um debate sobre arcabouço fiscal e dívida pública com a presença de Maria Lúcia Fattorelli e da bancada do MES/PSOL na Câmara dos Deputados, Sâmia Bomfim, Fernanda Melchionna e Glauber Braga, que acabou sendo a melhor atividade de todo o Congresso e o único lugar onde houve debate. A formação que tivemos ali sobre arcabouço fiscal acabou sendo determinante para temos acúmulo e derrubar a proposta de arcabouço fiscal defendida pelo campo cutista/cetebista na plenária final.

Outra constatação de que as coisas foram feitas para dar errado no XXIV Confasubra foi a organização dos Grupos de Trabalho, onde o debate de causas como LGBTQIA+, Mulheres, aposentados, raça e etnia, que não tiveram mesas específicas não foram debatidos como deveria, pois a pauta de carreira monopolizou o debate com a história da gratificação proposta pelo Coletivo Travessia.

No geral, em nenhuma mesa houve a oportunidade do contraditório já que não houve debates e as mesas acabaram transformando-se em painéis. Debate mesmo aconteceu na Plenária Final onde o nosso coletivo Ousadia e Luta, formado por Fortalecer o PSOL, TLS e Vamos à Luta, foi fundamental para que acontecessem as maiores vitórias do campo da esquerda. Começamos medindo força na proposta de impedir que qualquer diretor da Fasubra faça parte de qualquer órgão do Governo incluindo as universidades a Ebserh. Essa foi a primeira vitória. Em seguida passamos a nossa proposta “Contra o Arcabouço Fiscal e organizar calendário de lutas para derrubá-lo”. O campo cutista defendia “disputar o arcabouço“, propondo emendas, etc. Foram esmagados politicamente pelo nosso campo. Derrotamos também a proposta de gratificação apresentada pelo coletivo Travessia e TAEs na Luta, que foi encaminhada para ser debatida na CNSC com acompanhamento das bases. A cereja do bolo veio através da derrota de mais uma tentativa do campo cutista de refiliar a Fasubra à CUT. Foi o momento máximo do XXIV Confasubra, com muita animação e comemoração no plenário. Destacamos a participação da nossa organização à TLS que distribuiu apitos para o pessoal do campo da esquerda, confeccionou bandeiras do Ousadia e Luta e contribuiu muito na agitação.

Paralelamente, as conversas para composição de chapas continuavam varando as madrugadas na beira da piscina, recepção do hotel e até no restaurante. Até que na madrugada do sábado (20/05) conseguimos a tão sonhada unidade no campo da esquerda formando a chapa Unidade pra Lutar. A chapa composta pelos blocos Ousadia e Luta e o chamado “Bloquinho” (PSLivre, CST/Combate e Frente BASE) conseguiu seis cadeiras na direção, inclusive uma Coordenação Geral. No final, o congresso feito para dar errado acabou dando certo para as forças que defendem uma Fasubra Livre e independente de governos, com a eleição de 12 diretores do campo Cutista/CTB contra 15 diretores do campo da esquerda formado por Travessia, Ousadia e Luta, Bloco de Lutas e Unidade Classista/PCB. Essa maioria é espelhada também na Coordenação Geral com uma Coordenação da Unir (Cutista) e duas do campo da esquerda, sendo uma do Travessia e uma do Ousadia na Luta. Quando as chamadas também avaliamos como positivas com uma coordenação Geral, uma de Educação e uma de Raça e Etnia.

Agora é tocar em frente, organizar o plano de lutas. Tarefas imediatas de derrotar o Arcabouço Fiscal e conseguir garantir recursos para a nossa reposição salarial em 2024.

Edson Lima

Militante Ousadia e Luta / TLS / Coord. Geral Sintest/RN.

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