A Greve sempre foi muito questionada como instrumento de luta política e social, especialmente pelos Conservadores, entretanto, há muitos anos ela é regulada por Lei e um Direito conquistado pela sociedade, sendo por isso uma conquista Consolidada e como toda conquista democrática deve ser acatada pela minoria.

Poucos anos após os abusos perpetrados no período da Revolução Industrial, a regulamentação do Direito de Greve passou a ser objetivo de luta de várias categorias profissionais em várias partes do planeta. Passando, há quase um século, a figurar como Instrumento Formal Jurídico e até Institucional dos trabalhadores,  um Direito assegurado nas Constituições de vários países, inclusive, deixando de ser APENAS um Instrumento de Ação Direta.

Mas, será que a Greve pode ser considerada hoje pelos Movimentos como uma AÇÃO DIRETA, propriamente dita, e tem valia ainda?

O fato de ser legalizada não tira dela  seu caráter de instrumento de Ação Direta. A luta pelo Direito de Greve, encabeçada pelo próprio Movimento Sindical veio consolidar este Instrumento como  Ação Direta mesmo, mas, tendo como esteio o aparato jurídico que a regulamenta. Isto posto, o que resta dessa discussão é analisar a Greve no sentido prático/operacional.

A Greve no contexto histórico atual deve ainda hoje, ser considerada com uma Ação Direta conforme é descrita em enciclopédia  é uma” uma forma de ativismo, que usa métodos mais imediatos para produzir mudanças desejáveis ou impedir práticas indesejáveis na sociedade, em oposição a meios indiretos, tais como a eleição de representantes políticos, que prometem soluções para uma data posterior, ou o recurso ao sistema jurídico”. Consideramos que é sim, e mais, temos em conta que o sindicato pode vir a se transformar no grande formador de opinião pública e Formação Política da sociedade, ganhando assim um novo papel e muito maior dimensão.

Mas, será que o Movimento de Paralisação, devidamente amparado na Lei, ainda gera um poder de pressão junto ao patronato e ao Poder Constituído a ponto de gerar negociação que levem a algum ganho para os Trabalhadores? Essa resposta precisa ser contextualizada tendo-se em conta a realidade econômica que nos cerca e o Movimento Sindical como um todo no planeta. O simples uso da Greve como ferramenta não se constitui em sindicato ou movimento sindical, de modo que ambos devem ser analisados em uma perspectiva mais ampla e fundamentada.

O Movimento Sindical vive em todo o mundo (de economia minimamente organizada) o que os sociólogos denominam de A CRISE SEM PRECEDENTES DO MOVIMENTO SINDICAL. Essa tal crise se instalou por uma razão natural das transformações das formas de produção dentro de Modo de Produção Capitalista. As Fábricas não são mais unidades finais e completas de confecção/montagem de um produto. Nos novos modelos de produção industrial as unidades fabris sozinhas não têm a capacidade de parar a produção de um segmento qualquer da economia, de forma que uma Greve isolada não mais o poder de pressão de algumas décadas.

O exemplo mais claro disso são as montadoras de veículos e computadores, onde cada peça ou componente/implemento são concebidos, desenvolvidos e ou fabricados/confeccionadas em diferentes parte ou locais do planeta. Pois bem, A CRISE SEM PRECEDENTES DO MOVIMENTO SINDICAL, é resultante do Formato produtivo descrito resumidamente acima, e, NÃO TEM consequência alguma sobre o Movimento Sindical do Serviço Público, ao contrário.

Este momento histórico apresenta indicações que apontam como sendo potencialmente falando, o tempo ideal para que o Movimento Sindical consiga a Força e o Poder Político que sempre precisou, para enfim mostrar a importância do Serviço Público e enfim também, conquistar as melhorias que há tantos anos reivindica, seja para os Servidores enquanto trabalhadores, seja para a Valorização e Reconhecimento da Importância do Serviço em si.

O fortalecimento do poder político e de Pressão do Movimento vai começar a acontecer no momento em que se utilizar das próprias ferramentas de Organização Interna inerente à Práxis sindical para mobilizar a sociedade para quem atua na condição de Servidor Público. O Poder Político e o Poder de Pressão vão crescer na proporção que crescer também a consciência política da sociedade e naturalmente dos Servidores. A cobrança de melhorias no serviço e para o servidor serão recíprocas, tanto porque atuarão como Formadores, quanto pelo nível de consciência cidadã que cada um deverá ter na sua atuação profissional dentro do expediente e fora dele como cidadão militante.

Da mesma forma que o sindicato precisa trabalhar no sentido de fazer a Formação da Consciência Política de seu quadro de associado ele deverá atuar igualmente junto a sociedade como um todo. Este trabalho pode começar pela adoção de uma postura ética em nível de Direção e se estender a Capacitação de seu associado/sindicalizado no sentido de fazê-lo um formador de consciência política e de opinião pública adotando um modo ético de agir como servidor frente a cidadão usuário/cliente.

ENQUANTO NÃO ATINGIRMOS HISTORICAMENTE AS CONDIÇÕES PARA DE ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE QUALIFICAÇÃO POLÍTICO DE NOSSA ATIVIDADE DE SINDICALISTAS, USEMOS A GREVE NOS MOLDES ATUAIS COM A ÉTICA E O CUIDADO QUE ELA REQUER. Pois, mesmo sendo instrumento jurídico regulamentado deve ser usado, tratado e dirigido (como uma Ação Direta), mas, sendo considerada como se fosse um Remédio que é indicado para resolver situações de conflitos de interesse onde uma das partes está se impondo pela força ou por omissão, ou seja, Diagnóstico Delicado. Assim sendo, deve ser administrado com extrema cautela, isto é, só foi indicado porque não havia outra solução: ESTAMOS HÁ 18 ANOS SEM REAJUSTE PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO E AS AÇÕES JUDICIAIS NÃO APRESENTARAM QUALQUER RESULTADO FAVORÁVEL A NÓS – OS TRABALHADORES.

*Meneleu Lins é graduado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, Especialista em Gestão Universitária

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