Para situar as razões da “Crise sem Precedentes” do sindicalismo em escala mundial ANTUNES (2008), em “A Trajetória do Sindicalismo” assim descreve: “A nova etapa do capitalismo globalizado foi responsável por profundas mudanças em todos os segmentos e atividades econômicas e revolucionou os modos e, consequentemente, as escalas de produção que foram aumentadas exponencialmente.

Ademais, no âmbito da Administração das empresas e da organização dos processos produtivos propriamente, também são materializadas profundas mudanças de implentação de procedimentos responsáveis por um complexo e vertiginoso processo de descentralização e desconcentração da produção. …

Contudo ao que parece, o movimento sindical, não foi capaz de acompanhar com a mesma agilidade essas grandes e profundas transformações, mesmo que elas estivessem ocorrendo cotidianamente aos olhos dos trabalhadores e, à medida que promoviam mudanças no cotidiano dos trabalhadores no âmbito de seus locais de trabalho e, de maneira bastante subliminar no âmbito dos direitos e das conquistas. Foram por assim dizer, surpreendidos, ficando suas lutas e organização descompassadas no tempo e deslocadas no espaço. Isso tudo aos poucos, provocou o esvaziamento e o enfraquecimento das organizações sindicais, dando origem ao que muitos denominam ‘Crise Sem Precedentes’ nas representações dos trabalhadores”.

A análise de Paulo Antunes e Pedro Carlos de Carvalho, no livro “A Trajetória do Sindicalismo – Uma Análise da História, Conceitos e as Perspectivas Sindicais” contido na citação acima, dizem respeito exclusivamente à crise no movimento sindical específico da economia privada. No âmbito do Movimento Sindical do serviço público a tal crise não gerou qualquer influência negativa, uma vez que o movimento sindical do Setor começa a surgir quando Crise já estava instalada, e neste processo de formação dos sindicatos já vinha subjacente a necessidade de um processo de “Redefinição de seus Papeis”, das Centrais Sindicais e demais organismos, bem como, sendo definidas novas estratégias de sobrevivência.

Em nossa análise concluímos que a crise pode vir a provocar, isto sim, o fim do descompasso histórico entre os dois movimentos, no que concerne a uma atuação que podemos dizer mais profissional no trato com as questões do associado/filiado, que passaria a ter tratamento de cliente, como convém aos beneficiários da prestação dos serviços por representações públicas.

Dentro do movimento sindical público há entidades, como o SINTEST-RN, que se utilizam da experiência conquistada pelos sindicatos privados em aspectos como: formação (conscientização política), mecanismos de mobilização, uso dos veículos de comunicação sindical interna e externa (comunicação corporativa), de conquista de espaços nos meios de comunicação (promoção de eventos para gerar fatos/notícias), publicidade/propaganda, e tantas outras.

Essas técnicas quando aliadas à defesa ideológica legítima, como por exemplo: da Qualidade e do próprio Serviço Público, da Cidadania, da Educação e da Saúde Pública de Qualidade, se constituem em discurso tão atraente para a maioria dos servidores públicos e para grande parte da opinião pública, quanto às vantagens financeiro-salariais são para os trabalhadores de qualquer setor da economia.

As entidades do serviço público que têm afinidade ideológica com suas categorias ou mesmo aquelas que têm uma relação de fidelidade com filiados em razão dos serviços que prestam, estão buscando uma sintonia cada vez maior com estes para melhor representá-los. Hoje a totalidade das entidades filiadas à FASUBRA, por exemplo, têm em sua estrutura organizacional uma coordenação, secretaria ou diretorias destinadas às áreas de Educação e Formação Sindical, Políticas Sociais, Integração e Política Sindical e de Comunicação. Órgãos internos que dão, em certa medida, suporte à formação e renovação de seus quadros.

Em sentido amplo pode-se dizer, que enquanto prepara seus associados para o exercício da cidadania e lhes proporciona a consecução de melhores de níveis de politização, a entidade está assegurando, ao mesmo tempo, sua sobrevivência como entidade jurídico-financeira. (Estatuto do SINTEST-RN, Art.25).

O Sindicato Potiguar também passou à margem da Crise de Representatividade que afeta há alguns anos não só o movimento sindical, mas todo o sistema de Representação Política, inclusive Republicana, e é caracterizada pelo distanciamento dos dirigentes e representantes eleitos dos objetivos e interesses dos representados. Leia-se eleitorado quando tratar-se do Parlamento e da Representação Sindical. Isto aconteceu por motivações vindas da gênese do sindicato.

Desde a fundação, e anterior até a ela, os membros da direção se constituíram em representantes naturais e legítimos, nos primeiros anos, entre outras razões, pelo fato dos fundadores se tornarem dirigente e continuarem sendo identificados pela categoria como sendo as primeiras pessoas da Instituição que buscaram se organizar na busca de solução para seus problemas.O Sinstest-Rn pode está criando um novo modelo de Gestão Política, na medida em que sua forma de atuação vem criando as condições para o não afastamento dos dirigentes das bases, prevenindo-se assim contra a Crise de Representação.

 

* Meneleu Lins é Jornalista, Especialista em Gestão Universitária,e Segurança Patrimonial do Quadro da UFRN

 

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