As Universidades Federais e Institutos Federais de Ensino foram informadas, na última segunda-feira (28/11), sobre novo bloqueio orçamentário no Ministério da Educação (MEC). A medida aconteceu pouco mais de um mês para o término do atual governo e em meio ao jogo do Brasil na Copa do Mundo.

De acordo com nota divulgada pela Andifes – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, o novo congelamento é de R$ 244 milhões para as Universidades Federais e de mais R$ 122 milhões para os Institutos Federais. Com isso, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) perdeu R$ 3,8 milhões, lembrando que somente em 2022 já havia perdido mais de R$ 23 milhões do seu orçamento, após corte de quase R$ 12 milhões no início do ano e outro valor semelhante em junho. Em outubro, o governo também tentou outro confisco, mas recuou após pressão e grande repercussão na mídia em período eleitoral.

“A situação é muito grave. Após o corte realizado no meio do ano, já prevíamos que a UFRN não conseguiria honrar com os pagamentos do mês de dezembro. O novo bloqueio tornou ainda mais crítica a situação orçamentária da instituição, portanto, a reversão do bloqueio precisa ser imediata”, afirma o reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo.

Leia a nota da Andifes:

Governo faz nova retirada de recursos das universidades federais

Com surpresa e consternação, e praticamente no apagar das luzes do exercício orçamentário de 2022, as Universidades Federais brasileiras foram, mais uma vez, vitimadas com uma retirada de seus recursos, na tarde dessa segunda-feira (28). Enquanto o país inteiro assistia ao jogo da seleção brasileira, o orçamento para as nossas mais diversas despesas (luz, pagamentos de empregados terceirizados, contratos e serviços, bolsas, entre outros) era raspado das contas das universidades federais, com todos os compromissos em pleno andamento.

Após o bloqueio orçamentário de R$ 438 milhões ocorrido na metade do ano, essa nova retirada de recursos, estimada em R$ 244 milhões, praticamente inviabiliza as finanças de todas as instituições. Isso tudo se torna ainda mais grave em vista do fato de que um Decreto do próprio governo federal (Dec. 10.961, de 11/02/2022, art. 14) prevê que o último dia para empenhar as despesas seja 9 de dezembro. O governo parece “puxar o tapete” das suas próprias unidades com essa retirada de recursos, ofendendo suas próprias normas e inviabilizando planejamentos de despesas em andamento, seja com os integrantes de sua comunidade interna, seus terceirizados, fornecedores ou contratantes.

Como é de conhecimento público, em vista dos sucessivos cortes ocorridos nos últimos tempos, todo o sistema de universidades federais já vinha passando por imensas dificuldades para honrar os compromissos com as suas despesas mais básicas. Esperamos que essa inusitada medida de retirada de recursos, neste momento do ano, seja o mais brevemente revista, sob pena de se instalar o caos nas contas das universidades. É um enorme prejuízo à nação que as Universidades, Institutos Federais e a Educação, essenciais para o futuro do nosso país, mais uma vez, sejam tratados como a última prioridade.

A Andifes continuará sua incansável luta pela recomposição do orçamento das Universidades Federais, articulando com todos os atores necessários, Congresso Nacional, governo, sociedade civil e com a equipe de transição do governo eleito para a construção de orçamento e políticas necessárias para a manutenção e o justo financiamento do ensino superior público.

Brasília, 28 de novembro de 2022 

 

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