A ameaça ao ensino superior público e gratuito anunciada pelo Ministério da Educação (MEC) através do programa Future-se vem causando indignação de alunos, professores e servidores públicos. Os cortes realizados em diversas instituições do Brasil é reflexo de um projeto de ultra direita do (des)governo que se instalou em nosso país e que tem optado por bloquear verbas de ensino e pesquisa tratando nossa educação como mercadoria.

Os riscos são claros e algumas universidades já se posicionaram contrárias a adesão ao Future-se, que nada mais é do que a porta de entrada para a privatização do ensino superior público brasileiro. Entre elas estão as federais do Rio (UFRJ), do Ceará (UFC), de Roraima (UFRR) e de Minas (UFMG), que argumentam que o projeto não é claro, fere a autonomia universitária e representa a submissão das unidades à lógica do mercado, entre outras críticas. O debate é fundamental, é preciso alertar à população dos riscos que tais medidas representam ao crescimento do país, visto que a educação é libertadora e extremamente importante para o desenvolvimento socioeconômico de qualquer nação.

Em recente entrevista, o Presidente da Andifes e reitor da UFBa, João Carlos Salles, afirmou que não adianta pensar no futuro se não podemos pagar nem as contas de setembro, ou seja: querem colocar a carroça na frente dos bois. Os cortes atuais da educação já causaram transtornos em várias instituições do país, ameaçando algumas até de fechar as portas, assim, de que adiantaria pensar a longo prazo? O futuro é agora e tem que estar ao alcance de todos.

No dia 2 de agosto, em reunião do Conselho Universitário da UFRN (Consuni), o reitor José Daniel Diniz Melo salientou que “todo e qualquer encaminhamento ou decisão que a Universidade tomar, será precedido de um amplo processo de discussão com todos os segmentos da comunidade universitária”, porém, não temos visto amplas discussões. O debate, ainda muito tímido, tem sido feito nos Centros e Unidades Acadêmicas, embora o posicionamento da comunidade da UFRN seja claro em ser contrário a tais mudanças.

Assim como outras entidades de classe, o SINTEST/RN é contra toda e qualquer privatização da educação superior, estando mais uma vez ao lado dos trabalhadores e da sociedade, que merecem todos os mecanismos necessários para o acesso democrático ao ensino superior público, gratuito e de qualidade. Para além disso, a direção do SINTEST já protocolou ofício junto à administração da UFRN para que seja atendida a vontade dos servidores técnico-administrativos que, em assembleia geral realizada no último dia seis, pedem a realização de uma assembleia universitária e a não adesão da UFRN ao Future-se.

Inicialmente a Consulta Pública aberta pelo MEC era até o dia 15 de agosto, mas foi adiada para o dia 30. No entanto, esse curto prazo para análise do projeto revela a falta de tato do atual governo para um debate profundo acerca do tema.

O que é o Future-se

O programa é uma iniciativa do Governo Federal e foi anunciado pelo Ministério da Educação em julho. Em resumo, ele estabelece que Universidades e Institutos Federais implementem modelos de negócios para captar financiamento de empresas e organizações privadas, ou seja, sem verbas da União.

Por Danielle Castro e Nicholas Mello