Por Danielle Castro e Viktor Gruska

Na manhã desta segunda-feira, 03/06, o SINTEST-RN e o Comando Local de Greve da UFRN realizaram um piquete conforme deliberação da última assembleia geral da categoria que aconteceu no dia 29 de maio. A ação contou com o apoio do movimento estudantil e representações partidárias e fez parte da radicalização do movimento paredista em prol do aprimoramento da carreira e reajuste salarial dos servidores, recomposição orçamentária e ampliação — via concurso público — dos quadros permanentes de pessoal das universidades e institutos federais, assim como da expansão dos recursos da assistência estudantil.

Embora a concentração da atividade tenha se iniciado em frente ao NEI-UFRN (Núcleo de Educação da Infância), não houve ocupação do prédio, nem impedimento de acesso à escola. Conforme publicado nos canais de comunicação do SINTEST-RN, o local foi apenas um ponto de encontro e os grevistas seguiram em caminhada até a entrada do anel viário do campus central da UFRN. Nenhum funcionário, aluno ou seus respectivos responsáveis foram prejudicados e o retorno às aulas transcorreu tranquilamente.

Prestes a completar 90 dias de paralisação nacional, o governo mantém uma postura intransigente e autoritária, ameaçando encerrar de maneira unilateral as negociações, por meio de um ultimato. Por outro lado, recorre a uma estratégia divisionista ao marcar duas mesas de negociação separadas por um intervalo de uma semana, dia 15/05 com os docentes e 21/05 com os técnicos, numa tentativa de enfraquecer a greve, desmobilizando a categoria docente via sindicatos governistas.

Enquanto o governo afirma que não tem dinheiro para atender as reivindicações dos servidores da educação federal, concede às carreiras da segurança reajustes que vão de 27 a 60%, ampliando a disparidade salarial já existente no serviço público federal.

Sobre o assunto, Sandro Pimentel, coordenador da FASUBRA, declarou: “o governo Lula tem priorizado outras categorias e outros setores que não são essenciais para o desenvolvimento do país. Por isso, a radicalização é uma forma de chamar a atenção para que o governo ceda e reabra o processo de negociação com a categoria”. Questionado quanto as críticas sobre o Comando de Greve ter escolhido o NEI como ponto de encontro, Sandro disse “A sociedade precisa entender que o NEI existe, porque existe orçamento pra isso. A partir do momento que tem corte de orçamento, a probabilidade do NEI vir a ser fechado é muito maior”.

Izelma Paiva, membro do CLG, ressaltou que a luta do movimento grevista também é pelas crianças e famílias que dependem do NEI, pois os cortes nas universidades e o congelamento nos salários dos servidores afetam diretamente a educação pública. “Que as crianças venham estudar futuramente aqui na UFRN e encontrem um cenário melhor”.

O vereador de Natal Robério Paulino (PSOL), que é professor da UFRN, parabenizou a coerência dos grevistas em cumprir aquilo que foi deliberado pelo pleno da categoria e a bravura em bloquear o principal acesso ao campus central: “quero elogiar a coragem de vocês de parar a marginal da BR, de parar a universidade e evitar que alguns professores e técnicos furem a greve. Isso é inadmissível! Houve uma decisão democrática das assembleias dos técnicos-administrativos e professores que tem que ser cumprida e seguida por todos. Então, não tem sentido que alguns furem a greve e continuem trabalhando”.

A atividade radicalizada teve início por volta das 6h, com concentração em frente ao NEI/UFRN, de onde os grevistas seguiram para a marginal da BR-101. Por volta das 8h30, os servidores e estudantes retornaram para o NEI, local de encerramento do ato. A ação será avaliada na próxima assembleia da categoria, que deverá ocorrer nesta quarta-feira, 05/06, às 8h30.

A luta dos trabalhadores da educação federal é justa e inadiável. A categoria manter-se-á mobilizada até que o governo reabra as mesas de negociação e leve à cabo o compromisso que assumiu com a educação pública do país no curso da campanha eleitoral.

Confira abaixo algumas entrevistas do nosso repórter sindical:

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