FOTO3

Infelizmente, apesar do avanço, 10 anos da transformação da Esam em Ufersa, é marcado com greve e curso de medicina ameaçado não sair do papel

Há exatamente 10 anos, o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, assinava decreto transformando a Escola Superior de Agricultura de Mossoró em Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Passado uma década, a data é comemorada com um corte de 50% no capital (R$ 12,5 milhões) e de 10% no custeio (R$ 3 milhões), do orçamento da Universidade que sofreu uma redução de R$ 15,5 milhões. Antes dos cortes, o orçamento anual aprovado era de R$ 233 milhões, incluindo a folha de pessoal.

Os dados foram apresentados pelo reitor da Ufersa, professor José de Arimatea de Matos, durante assembleia com os servidores técnico-administrativos que estão em greve há dois meses. Na ocasião, o reitor apresentou um breve diagnóstico da situação vivenciada pela Universidade. A assembleia dessa quarta-feira, 29, aconteceu com uma feijoada na sede da Assufersa, tendo como convidado o reitor.

A crise, disse o reitor, tem obrigado à administração rever custos e traçar prioridades. Das 23 obras previstas para esse ano no Câmpus de Mossoró, 06 foram concluídas e, dentro do programa de expansão – Caraúbas e Pau dos Ferros – das 19 existentes, apenas 04 foram concluídas. “As obras não estão totalmente paralisadas, mas acontece em passos lentos”, afirmou, justificando que o problema acontece em virtude do atraso no repasse dos recursos financeiros por parte do Governo Federal.

O reitor disse que a administração vem priorizando o pagamento das bolsas dos estudantes, as empresas terceirizadas e o pagamento dos pequenos prestadores. Quanto às obras, o pagamento é feito com atraso. “Antes, pagávamos com 15 dias após a expedição da nota, hoje o pagamento é feito com até 60 dias de atraso”, confessou. Outra prioridade é o pagamento das contas de água, luz e telefone. Para exemplificar a dificuldade, dos R$ 6,3 milhões previstos para receber no mês de junho, o governo liberou um pouco mais de R$ 3 milhões. Daí, o atraso no andamento das obras.

MEDICINA – O reitor aposta na sensibilidade do governo para rever os cortes efetuados na pasta da educação uma vez que o quadro atual pode prejudicar a implantação do curso de medicina da Ufersa. No próximo dia 04 de setembro, o assunto será tratado em Brasília, numa reunião com o secretário executivo do Ministério da Educação. O reitor levará a proposta para aquisição de hospital, em construção em Mossoró, que poderá ser transformado em hospital escola. “Esse equipamento, ora em fase de acabamento, assegura infraestrutura para os primeiros três anos do curso de medicina”, afirmou.

O professor José de Arimatea disse que entendimentos nesse sentido estão sendo tratados com o Dr. Cury Medeiros. O reitor lembrou ainda que a Ufersa já conta com 07 professores médicos efetivados que trabalham na elaboração do projeto pedagógico do curso, bem como nas especificações dos equipamentos e adequação dos espaços físicos – salas de aula e laboratórios. O reitor acredita que a implantação de medicina em Assú só a partir do segundo semestre de 2016. Nas palavras do reitor ficou claro que a reunião com o Mec no próximo dia 04 será decisiva para a implantação do curso de medicina da Ufersa.

O professor José de Arimatea disse ainda que a posição dos demais reitores na Andifes é para se manter o diálogo com os professores e técnico-administrativos em greve. “Sabemos que a reivindicação não é apenas salarial, mas também de melhorias para as universidades”, frisou. Já o pró-reitor de planejamento George Ribeiro, alegou que a greve não representou economia para universidades uma vez que houve aumento no preço da energia e outras despesas inesperadas com os funcionários terceirizados se referido ao pagamento de periculosidade para o pessoal que atua na segurança e insalubridade para o pessoal da limpeza. Para o pró-reitor, a greve dos técnicos causa prejuízo quando atrasa o pagamento dos prestadores.

“O problema não é a greve é o governo”, afirmou o servidor Alisson Bezerra, lembrando que “a Ufersa tem os melhores servidores e sei disso desde quando era bolsista de graduação”, afirmou. Na ocasião, Alisson solicitou ao reitor celeridade na implantação do turno contínuo com 30 horas semanais bem como maior oferta de vagas nos cursos de pós-graduações para os servidores.

O diretor regional do SINTEST-RN, Francimar Honorato, também reconhece o momento crítico que passa a Ufersa. “Aqui a crise é real, não vamos tentar simplificar”, afirmou, alegando as demissões no quadro dos terceirizados e as dificuldades para novos contratos. “A greve é forte e tem consequências graves, principalmente, para os estudantes que ficam no prejuízo”, afirmou. Para Francimar o governo não tem levado em consideração essa situação, afirmando que a greve é a única alternativa dos trabalhadores para mudar a situação.

Por Comando de Greve da Ufersa

Galeria de Imagens

Comente pelo Facebook