A greve dos funcionários da Petrobras, iniciada em 1° de fevereiro, é liderada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) e teve seu estopim com o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (uma subsidiária da estatal localizada no Paraná), anunciado no mês de janeiro. O fim das atividades da fábrica faz parte do plano do governo federal de redução da Petrobras e vai resultar em quase mil demissões, entre funcionários e terceirizados.tal afirmou que a fábrica apresenta prejuízos desde 2013 e tomou a decisão de fechá-la após o insucesso na tentativa de venda. Além disso, a Petrobras não tem mais interesse no negócio de fertilizantes.

Segundo a FUP, mais de 20 mil funcionários em 118 unidades da Petrobras aderiram à greve por tempo indeterminado. Já a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) informou que todas as plataformas do litoral paulista aderiram ao movimento.

Os sindicatos denunciam que a Petrobras descumpre o acordo coletivo de trabalho feito entre o sindicato e a empresa e que as demissões feitas pela gestão atual são ilegais. Além disso, reclamam que a grande mídia não tem dado visibilidade ao movimento.

Entre as reivindicações dos petroleiros está a luta contra a política de preços da Petrobras (baseada na variação internacional do barril de petróleo e na flutuação cambial do dólar) e também a não privatização da estatal, projeto defendido pelo governo de Bolsonaro e pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes. Os trabalhadores defendem um preço justo nos combustíveis e no gás de cozinha, pedem o fim da venda de ativos da Petrobrás e claro, são contra as demissões.

No dia 17 de fevereiro o TST (Tribunal Superior do Trabalho) considerou a greve como abusiva e ilegal, após um pedido da Petrobras e determinou sanções caso a greve continuasse, como demissões, cortes de salários e multa de R$ 500 mil por dia à FUP. No entanto, os trabalhadores tiveram uma vitória, ainda que temporária, com a decisão do TRT do Paraná, que suspendeu até o dia 6 de março as demissões na Araucária Nitrogenados, até uma nova audiência entre o sindicato e a empresa.

Na última quarta-feira (17) o Conselho Deliberativo da FUP indicou a suspensão provisória da greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP possa participar nesta sexta-feira (21) da negociação no TST, junto com representantes do Ministério Público do Trabalho, mas, caso não haja avanços na mediação feita pelo Tribunal, a greve será retomada.

De acordo com a FUP, em 2019, o lucro da Petrobras foi de R$ 40,1 bilhões e enquanto o mercado comemora o maior lucro da história da estatal, o povo brasileiro sofre com taxas recordes de desemprego, que refletem a desindustrialização provocada pelo desmonte da cadeia produtiva de óleo e gás. Por outro lado, em 2019, a empresa intensificou a redução de seus efetivos, que caíram de 63 mil para 58 mil trabalhadores próprios e de 116 mil para 103 mil terceirizados.

A greve tem recebido o apoio de diversas outras categorias, sindicatos e federações. Vale lembrar que os trabalhadores dos Correios aprovaram greve nacional a partir de 3 de março e os servidores públicos e trabalhadores da Educação preparam uma greve nacional em 18 de março.

A greve dos petroleiros mostra que é possível derrotar o governo privatista de Bolsonaro, Mourão e Guedes, mas é necessário a unidade para a construção de uma Greve Geral forte e vitoriosa.

Comente pelo Facebook