Dia 20 de novembro, dia da Consciência e da Resistência Negra. Data de nascimento de Zumbi dos Palmares. Data para relembrar o legado de um dos primeiros homens negros a lutar por liberdade e dignidade, se rebelando contra a escravidão.

O Sintest exalta a figura de Zumbi dos Palmares como forma de homenagear a luta do povo negro por igualdade e respeito.

Zumbi foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, maior Quilombo do período colonial e um dos principais representantes da resistência negra à escravidão do Brasil. Nascido em 1655, na região que hoje pertence ao Município de União dos Palmares, Estado de Alagoas (então Capitania de Pernambuco), nasceu livre, mas foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade.

Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa aos 10 anos e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração de missas. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no Quilombo dos Palmares, formado por Ganga Zumba (tio de Zumbi) e outros homens escravizados fugidos na região da Serra da Barriga.

No ano de 1675, Zumbi passa a destacar como uma das lideranças do quilombo após um ataque de soldados portugueses. Mostrando sua força como grande guerreiro, ajuda na defesa do território e após a sangrenta batalha os quilombolas conseguem expulsar os soldados portugueses, que batem em retirada. Três anos depois, Zumbi se coloca contrário a uma tentativa de acordo entre o governador da província de Pernambuco e o líder Ganga Zumba, por não admitir a liberdade dos quilombolas enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as tropas do governo. Sob a sua liderança e tendo ao seu lado como esposa e braço-direito Dandara de Palmares, a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

Mas, é preciso ressaltar que nem só de guerras e confrontos viveu o Quilombo dos Palmares, que foi uma república em pleno período colonial e escravocrata, com economia baseada na agricultura. Sua população chegou a cerca de 20 mil habitantes, que trabalhavam de forma coletiva pelo bem comum de todos. Em meados do século XVII o Quilombo era referência de produtividade, sustentabilidade e fartura.

Os habitantes do quilombo produziam para consumo interno e geravam excedentes na agricultura para comercialização nas fazendas da região. Nesse período, a monocultura da cana de açúcar gerava miséria e escassez de alimentos. Esses fatores tornaram a população de Palmares símbolo de prosperidade e organização social. Isso certamente gerou um forte embate e pressão do sistema econômico da época. Como resultado o Quilombo dos Palmares foi destruído e sua população dizimada.

O Quilombo dos Palmares dos séculos XVI e XVII é um exemplo a ser seguido, porque o genocídio não matou e nem matará a memória desse importante fato histórico-político do nosso país. E nem a memória de Zumbi que viveu e morreu defendendo os princípios de igualdade de direitos, liberdade do povo negro escravizado e pela liberdade do culto a religião de seus ancestrais.

O Quilombo de hoje
Apesar de sermos mais de 50% da população no Brasil ainda sofremos as fortes influências de uma sociedade escravocrata a partir da subserviência e exploração econômica a que é submetida a população negra no país.

Para o povo negro, todos os dias são importantes para exaltar a Consciência Negra, a luta por direitos, respeito e igualdade. Todas as negras e todos os negros seguem o legado de luta do povo de Palmares, já nascendo com a lança nas mãos. Como Zumbi e Dandara somos um símbolo de resistência e temos que ser referência de luta para essa nação que é negra na essência e na formação de sua cultura.

O dia 20 de Novembro, que marca a data da morte de Zumbi, serve como um marco para pensarmos mecanismos para mudar essa realidade de desigualdade.

Texto: Roberto Luiz – Coordenação de Politicas Sociais.

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