A reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas que aconteceu de 2 a 4 de junho, debateu as lutas da classe trabalhadora e os desafios para fortalecer a organização e as defesas das reivindicações. O SINTEST/RN esteve representado por Aparecida Dantas, Coord. Geral, e Chagas Lima, suplente.

Na programação estiveram a tradicional mesa de setores em luta; avaliação dos seis meses do governo Lula-Alckmin; a luta contra as privatizações e defesa da estatização; painel “A crise do capitalismo, os ataques e mudanças no mundo do trabalho”; a luta contra os crimes da ditadura; mesa sobre a conjuntura com abertura para as intervenções do plenário; discussão sobre a preparação do 5° Congresso da CSP-Conlutas; oficina sobre mídias sociais; painel sobre a luta contra a LGBTfobia, finalizando com votação dos relatórios dos Setoriais, Resoluções e Moções.

Resolução de Conjuntura e Plano de Lutas: independência de classe e fortalecer as lutas

A ultradireita perdeu o controle da presidência da República na última eleição, mas segue atuando na realidade e com peso no Congresso Nacional.  A CSP-Conlutas indicou o voto em Lula, de maneira muito crítica e sem emprestar-lhe nenhum apoio político no segundo turno para derrotar Bolsonaro nas urnas. Neste momento, entramos no 6º mês desse governo de frente ampla e estamos sob dois grandes ataques contra a classe trabalhadora brasileira.

No terreno da economia é o Arcabouço Fiscal, apresentado e aprovado pelo governo para festejo da banca internacional. Trata-se de manter a economia do país submissa ao pagamento dos juros e serviços da dívida pública, que vai consumir R$ 2 trilhões de dinheiro público só nesse ano, e avançar nos cortes de investimentos com servidores, serviços públicos, saúde, educação e atendimento às necessidades da população em geral.

Diante desse ataque é totalmente equivocada a postura de centrais sindicais como a CUT e a CTB, entre outras, que buscam pequenas “melhorias” no projeto de arcabouço fiscal, se negando a rejeitá-lo por completo e menos ainda a convocar lutas para barrar esse nefasto projeto que após a aprovação na Câmara segue para o senado.

Para nos contrapor a essa postura devemos inclusive elevar nossas bandeiras pela redução de juros, taxação de bilionários e dos lucros das multinacionais; não pagar a Dívida aos banqueiros e estatizar o sistema financeiro garantindo assim mais verbas para a saúde, educação e geração de empregos.

Do outro lado, subproduto dos acordos do governo com setores da burguesia e, inclusive, com setores da ultradireita, o Congresso Nacional volta a “passar a boiada” impondo, em primeira votação, a aprovação do Marco Temporal que significa a consolidação de uma política genocida contra nossos povos indígenas.

Mas não para por aí, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tem como único objetivo criminalizar o movimento e abrir caminho para a criminalização geral das lutas em nosso país. Enquanto isso, grileiros seguem roubando terras públicas e invadindo áreas de preservação e reservas indígenas sem qualquer controle ou repressão por parte da Estado e o agronegócio, assim como fez o governo Bolsonaro, continua avançando com a destruição da natureza e acumulando riquezas.

Enquanto governo, banqueiros, agro e Centrão comemoram seus feitos à serviço dos interesses do capital, sobra aos trabalhadores e trabalhadoras o caminho da luta. Nesse sentido há processos de mobilização e greves ocorrendo em todo o país como, por exemplo, a heroica luta de nossos camaradas da Avibras em defesa de salário, emprego e pela estatização da empresa; as inúmeras greves das trabalhadoras e trabalhadores da Educação, que se espalham pelo país, a exemplo da greve do DF onde a rebelião de base impôs a deflagração da greve contra a direção sindical.

Esse processo de luta da educação se combina com a juventude em luta contra o novo ensino médio, as lutas e greves por direitos e contra as privatizações dos Metroviários de SP, RS e MG, entre outros. Também as lutas das trabalhadoras e trabalhadores da saúde por direitos e piso nacional ou ainda, para ficar em alguns exemplos, a luta dos metalúrgicos e metalúrgicas da CSN que, com a unidade de cinco sindicatos, enfrentam mais de um mês de intransigência e práticas antissindicais dessa mega-companhia.

Colados e apoiando todas as lutas específicas, que aqui ainda podemos citar a resistência da luta urbana por moradia e contra os despejos, os trabalhadores e trabalhadoras de aplicativo por direitos, a categoria petroleira na luta pela reestatização e retomada de investimentos da empresa e de nossos pequenos agricultores em busca de reforma agrária, devemos buscar dar um sentido comum a essas lutas e, com independência de classe, enfrentar os ataques dos governos e dos patrões com independência de classe, batalhando para desfazer as ilusões no governo neoliberal de Lula-Alckmin e, também, no autoritário STF que, na figura de Alexandre de Moraes, acaba de aprovar o não reconhecimento de vínculo trabalhista entre motoristas e empresas de aplicativo.

Nesse contexto ganha hierarquia que ordenemos nossas lutas pelo enfrentamento aos dois ataques estruturais advindos desde o governo federal que é o Arcabouço Fiscal e o Marco Temporal. Nesse sentido devemos nos apoiar na iniciativa da Plenária Sindical e Popular realizada em São Paulo e impulsionar um processo nacional de mobilização. É necessário retomar já a luta contra a reforma administrativa, PEC 32.

Frente a esse quadro a Coordenação Nacional da CSP-Conlutas resolve:

  1. Repudiar à repressão da PM de São Paulo à Marcha dos Indígenas do Pico do Jaraguá/SP e todo apoio ao novo ato convocado para o próximo domingo (4/6).
  2. Convocar e fortalecer todos os atos já chamados pelos povos indígenas, para o próximo dia 7/6, contra o Marco Temporal.
  3. Chamar, unitariamente, inclusive fazendo um chamado as grandes centrais e organizações do movimento geral, em todas as capitais (cidade e regiões), um Dia Nacional de Mobilizações e Atos Públicos para 13 de junho, tendo como eixo: “Contra o Arcabouço Fiscal de Lula e o Marco Temporal”.
  4. Vamos nos lançar à reprodução de plenárias unitárias, aos moldes da ocorrida em São Paulo, por todo o país, fazendo, inclusive, um chamado amplo às demais organizações dos movimentos a se somarem nessa articulação e nessa luta.
  5. Em cada estado, após a realização desse calendário, buscaremos realizar novas plenárias de balanço e discussão da continuidade do plano de lutas.
  6. Orientamos que, em cada estado, se defina a melhor forma, hora e local para a realização dos atos desse calendário de lutas.
  7. Também vamos manter nosso apoio lutas e campanhas pela garantia do pagamento do Piso da enfermagem, reestatização da Eletrobrás, Petrobras 100% estatal, estatização as Avibras, Revogação completa das Reformas Trabalhista, Previdenciária e do Ensino médio, campanha despejo zero, reforma agrária, Demarcação e Titulação das Terras indígenas e Quilombolas, entre outras.
  8. Seguirmos com nossa exigência de punição e prisão para todos os golpistas de 8 de janeiro.
  9. Expropriação de todas as empresas que se utilizam do trabalho escravo!
  10. Fortalecer e ampliar a Campanha a partir do “Manifesto contra a Terceirização e o Trabalho Precário”, que a CSP-CONLUTAS já assina junto a milhares de entidades e ativistas, levando para as bases esse manifesto.

Fonte: cspconlutas.org.br

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