Pelo menos sete estudantes recorreram, nessa segunda-feira (24) e no domingo (23), aos meios legais apontando supostas irregularidades durante aplicação das provas para técnico de enfermagem da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), aplicadas no último domingo (23) na Escola Estadual Ana Júlia de Carvalho Mousinho, no Parque dos Coqueiros, zona Norte.
Entre as reclamações estão pacotes de provas extras que chegaram abertos para completar as cerca de dez provas a menos em cada sala. Foram registradas denúncias na Polícia Civil e no Ministério Público Federal.
A técnica de enfermagem Kaline Ramos de Carvalho Pessoa, de 22 anos, fazia a prova durante a tarde na sala 2 da escola. Ela conta que ao abrir o pacote de provas e distribuí-las, fiscais notaram cerca de dez provas a menos em relação ao número de alunos da sala. Foi então que começaram a tentar solucionar o problema. “Quando chegou o pacote de provas extras e as provas foram dadas a estudantes específicos eu também quis uma, para fazer a mesma prova. Me disseram que não podia e que eu parasse de falar. Foi aí que eu desisti e saí da prova para chamar a polícia”, afirmou Kaline.
Situação semelhante ocorreu na sala 9 da mesma escola, onde estava Lidiane de Souza Azevedo, 30 anos, técnica em enfermagem e enfermeira. Lidiane diz que na sala dela o pacote de provas extras demorou cerca de 40 minutos para chegar e estava aberto. A Polícia Militar afirma que foi acionada por participantes do concurso, mas ao chegar ao local e constatar que tratava-se de um concurso ligado à UFRN, acionou a PF.
“Na minha sala duas pessoas ficaram sem provas, inclusive uma fiscal chegou a pedir a de outro estudante que já havia recebido para xerocar, mas a menina [estudante] não deixou. Quando as provas chegaram, foram entregues avulsas, sem mesmo sabermos se vieram de algum pacote de provas”, relatou Lidiane. Segundo Kaline há relatos reclamando de provas dos dois fins de semana anteriores, sobre celular de candidatos tocando durante a aplicação das provas sem resultar na eliminação do estudante e fiscais sem qualquer identificação de que participavam do processo seletivo.
De acordo com a Delegacia de Plantão da Zona Sul, foram registrados cinco Boletins de Ocorrência (B.O.s) na noite do domingo por supostas irregularidades. Lúcia Batista Chachá, 46 anos, e Karla Maia, 25, vieram de Mossoró para participar do concurso na escola do Parque dos Coqueiros. “A gente está fazendo o B.O. para pedir a anulação da prova”, destaca Lúcia Batista.
O Ministério Público Federal, diz não poder afirmar ainda se há irregularidades ou quantas denúncias pedem anulação do concurso.A Polícia Federal afirma, através da assessoria de imprensa, que o caso foi considerado um ato ilícito civil administrativo e por isso foi indicado que as reclamantes procurassem o MPF.
Kleber Morais, diretor geral da MEJC, afirmou que foi informado da falta de provas em algumas salas. “Esta situação realmente tem que ser apurada. No entanto, não participamos da organização e operação do concurso, a responsabilidade é da empresa encarregada. Estamos aguardando as demandas e esperamos que as providências sejam definidas o mais rápido possível”, afirmou.
A TRIBUNA DO NORTE tentou contato com a empresa organizadora, por telefone, sem sucesso. As provas ocorreram nos três últimos fins de semana, ofertando 1.971 vagas nas áreas médica, assistencial e administrativa para três hospitais ligados à UFRN.
Fonte: Tribuna do Norte