Na manhã desta terça-feira o DCE realizou um ato contra os casos de assédio moral e sexual dentro da instituição.

 

O ato aconteceu durante a reunião do Consuni (Conselho Universitário), no prédio da reitoria e contou com o apoio do Sintest, de alunos e de servidores técnico-administrativos.

O vice-reitor da UFRN, professor Henio Ferreira de Miranda, estava comandando a reunião do Consuni e colocou o tema na pauta. Nas diversas falas, tanto da representação estudantil como dos técnico, através do Sintest, pediu-se seriedade na apuração dos casos, o acolhimento às vítimas e a devida punição dos assediadores, já que o que tem prevalecido é o arquivamento dos casos.

 

Infelizmente a administração da UFRN tem sido negligente e burocrática. Os casos de denúncia, na maioria das vezes, não são levados à diante e são arquivados, mesmo que haja provas por parte do(a) denunciante.

 

O professor Henio disse que a UFRN irá publicar uma nota à imprensa sobre as denúncias na Escola de Música e que pediu o afastamento do professor denunciado. Informou que o processo de investigação já foi instaurado e correrá no âmbito da corregedoria. Segundo ele, a universidade está fazendo 100% do que poderia ser feito, no entanto os representantes do DCE e do Sintest/RN ainda há muito para ser feito. Como disse Tházia Maia, Coordenadora da pasta da Mulher Trabalhadora, “Não dá mais pra ser só uma nota na imprensa, um afastamento ou um puxão de orelha”. Para ela, as instâncias de denúncia, como a ouvidoria da UFRN, precisam ser mais eficientes e sugeriu que se criassem ouvidorias e grupos de trabalho nos centros e departamentos.

 

Outras falas enfatizaram a importância de acolher e dar o apoio necessário aos denunciantes, incentivando que outras pessoas denunciem, pois não há dúvidas de que existe a subnotificação de casos de assédio dentro da instituição.

 

Camila Barbosa, representante do DCE, falou da dificuldade de entrar e se manter numa universidade pública e ainda se deparar com esse tipo de violência que acaba destruindo sonhos de meninas e mulheres em concluir o ensino superior. Camila lembrou que antes do caso ocorrido na Escola de Música ganhar repercussão e antes de ser denunciado na ouvidoria da UFRN, a aluna procurou a coordenação do curso, mas foi desacreditada. Segundo Camila, o estereótipo das mulheres que denunciam é de que estão loucas, de que não foi nada, “Ah você tá falando bobagem, ele só tava acariciando você, só tava sendo amigável”, e finalizou “nós sabemos quando nossos corpos estão sendo violentados”.

 

A servidora aposentada Helena Maziviero, vítima de assédio dentro da universidade pelo seu chefe imediato, fez uma fala contundente denunciando o machismo institucional, o corporativismo docente e frisando que de nada adianta acolher as vítimas das denúncias e não punir ou responsabilizar os assediadores.

 

A coordenadora de comunicação do Sintest, Enoleide Farias, ressaltou que servidores técnico-administrativos também sofrem assédio e lamenta quando o assédio vira perseguição. Frisou também que as instâncias de denúncia não funcionam. “O que acontece é, na maioria das vezes, passar a mão na nossa cabeça e dizem que entendemos errado”, e finalizou dizendo que espera “que as medidas de punição sejam um pouco mais do que deixar pra lá”.

 

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