O caso Maria da Penha, em busca por justiça durante 19 anos e 6 meses, faz dela um símbolo de luta contra a violência doméstica à qual milhares de mulheres são submetidas em todo o Brasil.
 
Ela conheceu o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros em 1974 quando cursava seu mestrado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Começaram a namorar e casaram-se em 1976.

 
Após o nascimento da primeira filha, eles se mudaram para Fortaleza, onde nasceram as outras duas filhas do casal. As agressões começaram a acontecer quando Marco Antonio conseguiu a cidadania brasileira e se estabilizou profissional e economicamente. Seu comportamento amável, educado e solidário deu lugar a atitudes de intolerância, exaltando-se com facilidade, sendo explosivo não só com a esposa mas também com as próprias filhas.
 
A partir daí estava formado o CICLO DA VIOLÊNCIA: 1) Aumento da tensão; 2) Ato da violência; 3) Arrependimento, e 4) Comportamento carinhoso. Até que em 1983 Marco Antonio tentou matar maria da Penha com um tiro nas costas costas enquanto ela dormia, o que a deixou paraplégica. Quatro meses depois, após duas cirurgias, internações e tratamentos, ao voltar para casa, maria da Penha sofreu outra tentativa de feminicídio: ele tentou eletrocutá-la durante o banho.
 
Romper com o ciclo da violência só foi possível com o apoio da família e de amigos para que ela pudesse sair de casa sem que isso configurasse abandono de lar e não corresse o risco de perder a guarda de suas filhas.
 
A luta por justiça não foi fácil e mesmo fragilizada ela prosseguiu para que seu agressor não continuasse impude. Tanto no primeiro julgamento (1991) quanto no segundo (1996) Marco foi condenado a prisão, mas saiu em liberdade.
 
Somente a partir de 1998, quando o caso ganhou dimensão internacional, que a história começou a ter sua reviravolta. Em 2001 o estado brasileiro foi responsabilizado por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras.
 
A partir da formação de um Consórcio de ONGs Feministas (2002) surgiu a elaboração de uma lei de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher e após muitos debates com o Legislativo, o Executivo e a sociedade, o Projeto de Lei nº 4.559/2004 da Câmara dos Deputados chegou ao Senado Federal (Projeto de Lei de Câmara nº 37/2006) e foi aprovado por unanimidade em ambas as Casas. Assim, em 7 de agosto de 2006 foi sancionada a lei nº 11.340, conhecida como lei Maria da Penha.